por Cláudia Matos Silva, em 04.03.14
Não sei se mantenho pouca fé nas pessoas em geral, nos dentistas em particular ou especificamente na forma como administro a minha higiene oral. Facto é que já me estava a preparar para um daqueles cenários típicos que ouvimos das bocas, talvez menos sãs, entram com um dente podre e saem do dentista com a cremalheira toda em obras. Não é de hoje que oiço esses relatos, os balúrdios que se gasta nos dentistas e o facto do estado não comparticipar julgando a higiene oral como um luxo num sociedade que se quer evoluída. Há agora uma série de opções mais em conta para cuidar da boca, se bem que o uso diário de dentífrico e fio dentário são francamente de grande ajuda, mas a manutenção efectivamente deve ser feita por profissionais. O meu dentista, articula planos de acordo com cada carteira, mas a verdade é que eu dificilmente acredito na boa fé, acima de tudo estes senhores que cuidam da nossa saúde são também vendedores de serviços, e esperava que na altura de me oferecerem a tão aguardada limpeza me revelassem um escabroso problema inadiável, daqueles de ficar com a pianola sem teclas. Mas eu já tinha resposta, uma viagem para Barcelona, desdentada ou não, obrigações e responsabilidades. Curiosamente, fizeram vários exames e no fim, os parabéns, preciso apenas de uma limpeza, marcada para dia 19 e gratuita como prometeram em Dezembro do ano passado. Fiquei aliviada claro, mas confesso, há um lado de mim, o que desconfia que me diz, na hora na limpeza haverá uma conversinha em particular e talvez numa análise mais cuidada do raio x, ali está ele, o problema, quase indetectável a olho nu mas que os grandes profissionais a que a minha boca está entregue assinalaram. Todo o cenário fica montado, uma aura de inquietação se mistura com alívio porque afinal de contas eu estou em boas mãos.