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E se o mundo inteiro nos quer convencer com livros de auto-ajuda ou programas de 'trash tv' versando a esperança é a última a morrer, parece-me justo que uma vez por outra assumamos umbiguisticamente que não há qualquer salvação para a nossa alma e por isso tenhamos pena de nós próprios. Vamos mais longe, marque-se na agenda, o dia para ser absolutamente desafortunado e cair no mais profundo abismo, e marque-se já, antes que ele se instale de armas e bagagem na nossa vida sem que tenhamos pulso ou mãos a medir.
Hoje é um desses dias, caí num atoleiro de m*rda por masoquismo puro. E ameaço com os olhos em órbita e um hálito fedorento 'ai de alguém que tente arrancar-me da miséria, é minha, só minha' e chafurdo, chapinho que nem uma popota de folga, assumindo a verdadeira natureza animal do boneco animado do Continente, porca. Não me falem, dirijam a palavra, telefonem ou sequer levantem questões, hoje não estou.
Ao volante passo pela pastelaria com os melhores bolos da grande Lisboa e peço para embrulhar dois gigantes palmilheres. Não quero olhares, esgares, sobrancelhas erguidas por isso saio em passo de corrida, volta a entrar na viatura e não demora a devorar cada centímetro de bolo. É uma das minhas fúrias do açúcar e sinto-me à beira de uma overdose, não páro, a razão diz-me para deixar o segundo bolo para H. que gostaria da surpresa, continuo com os olhos colados no placard mesmo à frente do nariz 'Veja-se livre de ácaros' e ataco o segundo palmilher. Às vezes sinto-me mesquinha, pequenina, insignificante e com um poder auto-destrutivo de fazer corar um ácaro ou até um fungo de quem sou aparentada pela grande necessidade de doces e por só estar confortável no quentinho.
* Perspectiva de uma compulsiva alimentar.