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Adoptada por uma família multi-racial, A. cresceu colhida pela diversidade. O calor das áfricas, sentiu-o na pele entre carícias de um pai escolhido a dedo, afagos de irmãos que saíram melhor que a encomenda, sorrisos desbragados de quem vive as emoções à flor da pele. A. não tem memórias de criança feliz, mas nunca se entregou à infelicidade, por isso sorri, mesmo quando as lágrimas lhe escorrem pelo rosto comprido e poisam no queixo pontíagudo. Diz-se sob protecção de S. Jorge, pergunto-lhe quem é, mostra-me o herói montado no cavalo branco. Quem sabe o seu príncipe encantado, penso silênciosa devorando a gigante bola de berlim. A. encolhe os ombros, nada sabe do homem do cavalo branco mas tem a convicção que lhe ampara todas as quedas, das inusitadas, às inevitáveis. É feliz com pouco, revela-me que é tanto, especialmente pelo muito que conquistou nos seus 26 anos. Descobriu-se ao som do silêncio, quando bateu a porta de casa ao passado e virou uma nova página, em branco, com toda uma história por escrever. A., estava só, paredes despedidas, escutava apenas o eco dos seus passos, e sabia-lhe a mel. Era doce tão doce aquele momento, saboreou-o inspirando fundo, preparada para se fazer mulher, sem nunca perder aquele sorriso de menina.