por Cláudia Matos Silva, em 25.02.14

Atenta aos graffiti que pintalgam os nossos muros, encontrei uma espécie de auto-retrato. Não espantem o bigode, há demasiada testostenona em mim cuja interpretação para uma ilustração acertada, um farfalhudo numa menina que se recusa a crescer e cuja grande obsessão são os doces. A tendência é para ironizar com as minhas fraquezas, não encontro outra alternativa, mas o assunto, compulsão alimentar, não é para grandes brincadeiras. Há uns tempos escrevi sobre o tema, depois fartei-me, como me farto de quase tudo na vida e neste momento julgo ser de alguma utilidade partilhar como consegui perder 30 quilos e a receita para manter o peso estável. É serviço público, por alguém que tão pouco se leva a sério, mas é atenta o suficiente para entender que a seu lado há um mundo de gente que sofre desta terrível compulsão que muitos desvalorizam, culpabilizando o gordito por se ter abandalhado.
Primeira lição. Ninguém é gordo porque quer. Ele pode rir, brincalhar, é a alma da festa, o primeiro a fazer piadas de gordos, mas nos momentos de solidão quando se olha ao espelho, cai em si e sente-se um falhado.
Segunda lição. Genericamente, a única culpa do gordinho é da maldita genética que lhe coube em sorte.
Pensem, culpa-se alguém por ser ruivo, ter nariz torto, orelhas grandes ou mãos pequenas?