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Uma mercearia de aldeia e preços exorbitantes, entro preparada para abrir os cordões à bolsa. Não estaria, no entanto, preparada para conhecer a noiva do Frankenstein, não falo da personagem que Valerie Hobson encarnou na tela, mas a verdadeira, a assustadora Cilita. Que nome tão meigo para uma mulher aterrorizante. É pálida, macilenta, olheiras profundas e negras, no cabelo uma permanente de há 50 anos atrás e o efeito tufado com a ajuda da laca, de resto, também a vende na sua pequena mercearia. A criação de Frankstein de Mary Shelley, um dos livros que mais apreciei o ano passado, não teve sorte nenhuma. As pessoas gostavam de Frankenstein até lhe conhecerem os traços, mas esta eterna noiva, sofre da diabetes entre outras maleitas, arrecada a estima sincera dos habitantes da sua aldeia. Cilita, também quer bem a toda a gente, por isso recomendou-me um pijama Mira, marca extraordinária, afirma, em pijamas não há melhor. Cilita convence-me, há dez anos com o mesmo pijama e nem um borboto. Depois de lhe pagar 25 euros pelo que não é um pijama especialmente quente, reflicto. Borbotos não é assunto que me ocupe o espírito, mas o assalto à minha carteira, na qual nem um cêntimo sobreviveu a servir de testemunha, é memória que deverei levar comigo para as masmorras, onde tenho encontro marcado com a noiva de Frankenstein e, nessa altura, quem sabe um acerto de contas.