por Cláudia Matos Silva, em 28.05.14

Leonardo, o meu primeiro gato. Verdade dos factos, o gato do meu pai, porque o bicho nunca me suportou. Durante 14 anos a nossa convivência inexistente, faria de Leonardo não um gatinho mas uma besta com quatro patas. É bruto, está na natureza do próprio bicho, e custou-me encaixar durante 14 anos que para o Leonardo gostar de mim bastaria apenas deixá-lo respirar. De há um ano para cá, Leonardo foi deixado aos meus cuidados, e embora não gostasse dele, forcei-me por torná-lo mais saudável, estava tão anafado que parecia um chouriço. No fundo, durante este ano de convivencia assegurei-lhe o espaço que precisa para ser ele próprio, o que no meu entender mais não era do que desprezo, lá no entender do animal seria a prova de que estaria finalmente pronta para receber os seus afectos felinos. Leonardo de hoje revela-se meigo, carinhoso, afável e carente. Junta-se a mim, afasta o doce Benjamin para longe e ocupa-lhe o lugar cativo, para juntar o pêlo à minha almofada. Pouco a pouca começa a fechar os olhos e dorme um sonho profundo ali ao meu lado e em silêncio agradeço-lhe por finalmente me ter escolhido.