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Nem sempre ficamos bem na fotografia

por Cláudia Matos Silva, em 29.07.14
 
Pronto, hoje decidi citar-me. Foi à hora do almoço, entre um bife de frango com molho de barbacue, e lembrei-me um pouco das pessoas que me rodeiam. Não são as mesmas com quem me dou, são as que devo tolerar com educação porque antes de tudo é preciso manter um pingo de cordialidade. Freud, que em breve passarei a citar com muita frequência pois este livro é o meu novo miminho( e conto partilhá-lo convosco), diria que passamos a vida a suprimir o nosso instinto e que se o soltassemos seríamos verdadeiros animais, monstros até. Embora o senhor do sofá verde tenha muitos detractores, eu não sou uma delas, sou uma discipula num sistema de informalidade e trato Freud um pouco por 'tu'. Isso não faz de mim uma pessoa importante, mas com alguma personalidade, sim. E com o passar dos anos evito partilhar o meu carácter com toda a gente, porque me deu muito trabalho para chegar a este ponto e só 'os meus' terão direito a conhecer o meu 'eu' apaladado. Lembrei-me então de partilhar uma citação, surge do alto do meu  palato orgasmando com carninha tenra e molhinho bom 'Para sermos justos, connosco e com os outros, não podemos ficar bem na fotografia. E essa coisa de estar bem com deus e o diabo, é digna de cobardolas mariquinhas pé de salsa'.  

publicado às 21:28

Eu faço amor com a minha Gerador

por Cláudia Matos Silva, em 28.07.14
Adoro revistas, mais do que nunca, porque voltar ao papel sabe a revivalismo. Por mais que nos compensem os formatos digitais, para os que cresceram com o cheiro dos jornais, sabe a pouco conhecer mundo através de um 'touch screen'. Guardo revistas que priviligiam o grafismo, a qualidade do papel, as crónicas despidas de 'bazófia' e os conteúdos ignorados pelos restantes. Há pouco quem aposte nestas publicações, são uma autêntica aventura criativa, às vezes uma travessia no deserto outras uma viagem que a medio prazo assegura alguns frutos. Mas é preciso muita ginástica, determinação e uma monumental dose de loucura. É claro que este percurso entre os que vivem ou os que se limitam a sobreviver só vale a pena com uma significante dose de loucura. É muito provavelmente o que move a equipa da nova revista A Gerador, e a declaração de amor à cultura portuguesa, numa altura de carências. Embora o amor se apresente nas montras das lojas como bem de fácil alcance, à distância de um abrir dos cordões à bolsa, verdade seja dita, vivemos tempos de amores difíceis. Amores descartáveis, ditados por uma sociedade de consumo cuja real preocupação é ter uma constante janela para o mundo bem escarranchada, ao passo que para o vizinho do lado põe trancas à porta. Portugueses envergonhados, já nos habituámos a amar o que não conhecemos; é-nos mais confortável, inodoro e indolor. Somos hoje cidadãos do mundo de costas viradas ao que nos torna únicos, a identidade. Parte da missão da revista A Gerador é recuperar o que vem de raiz, sem nunca esquecer a progressão natural de um povo que nunca se deveria desvincular ou envergonhar da sua fibra. Porque se nós fazemos a cultura acontecer, revista A Gerador reitera que existimos graças a ela. 

publicado às 07:50

Ao que sabe a felicidade?

por Cláudia Matos Silva, em 28.07.14
 
 
Estou sentada numa esplanada pequenita mas amorosa. De um lado há muralhas, do outro rochas, à frente a melhor paisagem do  mundo, águas límpidas em azul translúcido e nelas mergulha o meu amor. Sento-me em cadeiras de madeira, peço água com um limão diluído servido num copo da super bock pelo qual pagarei 3  euros. Abro a mala e percebo que deixei a Máxima em casa, com a página marcada no capítulo dedicado ao estudo da felicidade. No rádio Chill out, lembra-me ossos do ofício e gosto desse 'feelling' de pertencer a uma 'tribo' sem que ninguém sequer desconfie. Peço wireless, mas só os clientes da espreguiçadeira têm direito a esse serviço. Não me atrapalho e ponho em dia uma série de crónicas que tenho apenas a diambolar na cabeça. Enquanto a escrita flui tiro da mala metade de uma baguete e devoiro-a enquanto a empurro com a limonada e invade-me uma calma tão pura, genuína. Sei que há ainda muito para saber sobre a felicidade, mas bendita hora que esqueci a Máxima em casa. Melhor que teorizar é senti-la e parece-me que nunca ninguém conseguirá pôr em palavras ao que sabe realmente a felicidade. Neste momento M. junta-se à mesa de madeira e a plenitude é total. Mais não sei explicar.  

publicado às 07:19

Orgasmar

por Cláudia Matos Silva, em 24.07.14

Dizem que devia escrever um dicionário com as palavras que invento, porque são difíceis de decifrar, ora se a essas expressões junto uma pitada  de ironia tantas vezes disfarçada de absoluta convicção, é certo que se gera confusão. Orgasmar, é uma das que uso despudorada, referindo-me a tudo quanto me causa um prazer dos sentidos, pode ser o olfacto, tacto ou visão. Julguei ser apenas mais uma das minhas invenções, mas descubro um fenómeno que se espande essencialmente em plataformas virtuais, autonomous sensory meridian response que assume o orgasmo cerebral como quem sente cócegas no cérebro. Diz ainda que é possível chegar a um estado hipnótico de relaxamento e felicidade. Todos queremos saber como chegar lá mas de acordo com a notícia, é possível atingir o pico do prazer cerebral através de, entre outras formas, vozes calmas e suaves, sussurros perto ao microfone ou ruídos feitos com a boca como estalar os lábios ou a língua. Fiquei preocupada, na minha profissão e a consciência de não ter um portento vocal, uso das técnicas antes citadas como uma mais valia para o meu claro défice de talento. Alguém me diria da minha voz 'embala velhinhos' quem sabe consiga fazê-los orgasmar e esquecer o maldito joanete que ontem nao estava lá e daqui em diante  promete doer para caraças.

publicado às 11:58

Presa por arames

por Cláudia Matos Silva, em 21.07.14
O corte radical no cabelo de há quase um ano foi das decisões mais precipitadas e erradas dos últimos tempos. Pensei, é apenas cabelo e voltará a crescer, mas não consigo controlar o efeito negativo que causou na minha auto estima. Sou fã de cabelos curtos, cortes arrojados e penteados sem ponta por onde se lhe pegue. Confere, todo este estilo só me parece gracioso na cabeça das outras, quanto a mim sinto-me um rapazinho em negação. Tentando combater este síndroma, decoro o cabelo com tirinhas, lacinhos e outros acessórios mas pior a emenda que o soneto. Lembro uma quase 'quarentinha' que recusa crescer e isso, diga-se, é embaraçoso, causando nos que me põe a vista uma certa vergonha alheia. Hoje, porém, consegui depois de muito puxar 'daqui para ali' num esforço arrepiante fazer o meu primeiro tótiço desde há quase um ano. Quase parecia uma obra de arte da senhora Vasconcelos, não por estar bonito de se ver mas, antes, ser 'uma coisa esperta'. Todo e qualquer cabelito seguro por arames e ganchos e no 'cucuruto' um penacho de fazer inveja ás espanadoras das empregadas nas novelas da Globo. Na verdade, nem o espanador limpa coisa alguma, nem este tótiço me confere uma graça especial, bem pelo contrário, relembra-me o quão volátil está a minha vida, também ela presa por arames, sei lá como será o amanhã. Uma existência despenteada mental sem um norte movida, sabe-se lá por quem e para onde, a cordelitos que ora seguram aqui e descaem ali. 

publicado às 20:39

Já não vamos lá com pacotes de açucar

por Cláudia Matos Silva, em 17.07.14

Na mala das mulheres há um mundo, capaz de deixar qualquer homem à beira de um ataque de nervos. Mas porque a mulher é percavida, tem sempre numa discreta bolsinha à parte uma caixinha com os comprimidos mágicos. Se as mais antigas roubavam pacotes de açúcar, as mordenaças corrompem os farmacêuticos apelando a causas urgentes. E os nervos quando atacam, urgem por uma solução rápida ou colapso é inevitável. Diz quem não sofre dos nervos 'ninguém morre por estar nervoso', mas para os crónicos do 'panicanço', o derradeiro final parece sempre perto demais. O simples copo de água com açucar já era, ficam-nos na memória os enredos das novelas da globo, e as personagens que após um grave abalo, viam toda uma nova perspectiva desenrolar-se no horizonte, que minutos antes nada mais era do que um monumental buraco negro. As grandes inquietações das viúvas Porcina desta vida usavam o açucar qual mesinha caseira  que tudo soluciona. Na verdade, o pacote de acúcar nunca chegou a sair das malas das mulheres, nem se sentiu ameaçado com a chegada dos ansiolíticos, calmantes, anti depressivos ou 'comprimidos da felicidade'. O assunto ainda é tabu, e só 'dá nos comprimidos', ou quem é maluco ou simplesmente não tem comprimento de onda para surfar nestes dias que constantemente nos desafiam. Em vez disso, recorre-se a uma parafernália de 'sedativos' que nos embalam ao som da realidade e deixam-nos a marinar à sombra da espuma dos dias. 

publicado às 09:19

Mentalidades bafientas

por Cláudia Matos Silva, em 15.07.14
O português é um pessimista incorrigível, mas enquanto for saindo de casa pela manhã, ora para comprar o pão, beber a bica ou quadrilhar da vida alheia, a coisa vai-se compondo. Ver as cores do céu, sentir a brisa atravessar a pele e ouvir a cidade mexer, reduz consideravelmente a apatia a que o português devotou a sua existência. Durante alguns minutos, esquece parte da amargura fadista que o vence num destino fatalista. Essa doçura é de curta duração e o português encontra motivos para despejar parte do queixume que tem retido no seu âmago. Passo pelo vizinho do r/c que apenas liberta em perfeito compasso 'ai ai ai', outro provoca o senhor que lê o jornal 'a bola', intencionalmente, 'então a esta hora e já estás a tremer?' e uma senhora de cabelo tufado refila com um grupo de carros que em filinha indiana buzina celebrando ninguém sabe bem o quê ' isto está bom pra andarem a brincar, está pois!' e repete para quem não ouviu à primeira. Enquanto o português sair de casa, mesmo com o semblante carregado de fel, a vida acontece, e camufla parte da estagnação impregnada nas mentalidades bafientas.  

publicado às 12:16

#Citações: Vicente Alves do Ó

por Cláudia Matos Silva, em 15.07.14
 '... ė preciso deixar de lado as mulheres que optam por não ter filhos. Todos nos preocupamos com a taxa de natalidade, mas não faz sentido pedir que sejam elas a 'sacrificarem-se', para resolver o problema. É um estigma social a destruir.'
Vicente Alves do Ó (Revista Máxima) 

publicado às 10:56

As rendinhas da querida

por Cláudia Matos Silva, em 14.07.14
Falta-me todo e qualquer talento para trabalhos manuais, isso não quer dizer que não aprecie artesanato, bem pelo contrário, sou absolutamente feliz nas feirinhas. Estes sapatos, lembram as obras que a minha mãe fazia quando era uma digníssima dona de casa, mas agora com as modernices nem um bolo de yogurt é capaz de fazer. Por outro lado oferece-me sapatos tão bonitos como estes. 

publicado às 08:33

Unilateral

por Cláudia Matos Silva, em 09.07.14
Camille Dedouble (2011)

publicado às 15:28

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