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Dizem que devia escrever um dicionário com as palavras que invento, porque são difíceis de decifrar, ora se a essas expressões junto uma pitada de ironia tantas vezes disfarçada de absoluta convicção, é certo que se gera confusão. Orgasmar, é uma das que uso despudorada, referindo-me a tudo quanto me causa um prazer dos sentidos, pode ser o olfacto, tacto ou visão. Julguei ser apenas mais uma das minhas invenções, mas descubro um fenómeno que se espande essencialmente em plataformas virtuais, autonomous sensory meridian response que assume o orgasmo cerebral como quem sente cócegas no cérebro. Diz ainda que é possível chegar a um estado hipnótico de relaxamento e felicidade. Todos queremos saber como chegar lá mas de acordo com a notícia, é possível atingir o pico do prazer cerebral através de, entre outras formas, vozes calmas e suaves, sussurros perto ao microfone ou ruídos feitos com a boca como estalar os lábios ou a língua. Fiquei preocupada, na minha profissão e a consciência de não ter um portento vocal, uso das técnicas antes citadas como uma mais valia para o meu claro défice de talento. Alguém me diria da minha voz 'embala velhinhos' quem sabe consiga fazê-los orgasmar e esquecer o maldito joanete que ontem nao estava lá e daqui em diante promete doer para caraças.
Na mala das mulheres há um mundo, capaz de deixar qualquer homem à beira de um ataque de nervos. Mas porque a mulher é percavida, tem sempre numa discreta bolsinha à parte uma caixinha com os comprimidos mágicos. Se as mais antigas roubavam pacotes de açúcar, as mordenaças corrompem os farmacêuticos apelando a causas urgentes. E os nervos quando atacam, urgem por uma solução rápida ou colapso é inevitável. Diz quem não sofre dos nervos 'ninguém morre por estar nervoso', mas para os crónicos do 'panicanço', o derradeiro final parece sempre perto demais. O simples copo de água com açucar já era, ficam-nos na memória os enredos das novelas da globo, e as personagens que após um grave abalo, viam toda uma nova perspectiva desenrolar-se no horizonte, que minutos antes nada mais era do que um monumental buraco negro. As grandes inquietações das viúvas Porcina desta vida usavam o açucar qual mesinha caseira que tudo soluciona. Na verdade, o pacote de acúcar nunca chegou a sair das malas das mulheres, nem se sentiu ameaçado com a chegada dos ansiolíticos, calmantes, anti depressivos ou 'comprimidos da felicidade'. O assunto ainda é tabu, e só 'dá nos comprimidos', ou quem é maluco ou simplesmente não tem comprimento de onda para surfar nestes dias que constantemente nos desafiam. Em vez disso, recorre-se a uma parafernália de 'sedativos' que nos embalam ao som da realidade e deixam-nos a marinar à sombra da espuma dos dias.