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Preguiça, a maior de todas as forças

por Cláudia Matos Silva, em 30.12.13

 

A mãe esteve este fim-de-semana lá em casa. Uma alegria mesmo sabendo que a mãe, ainda não tem os dois pés bem assentes no meu chão e já está de nariz torcido, farejando sabe-se lá o quê. A mãe às vezes parece um lince, detectando falhas na limpeza doméstica, outras uma raposa buscando indícios de comportamentos errantes dos quais não terá conhecimento. A mãe na verdade é uma leoa e sustenta a sua cria, no saco há farnel para um mês que aprimoradamente confecionou com productos biológicos. A mãe, tantas vezes armada em super mulher, também é uma lontra. Vencida pelo cansaço tratando da sua imprestável filha, deitou-se no sofá a ver um desses programas de talentos na tv e adormeceu a comer ferrero rocher. Acossada pela preguiça dormiu encolhida, um tufo felino de pelo aos pés que reclamava o maiple como seu, submersa em papeizinhos de bombons amassados e no chão uma garrafa de licor sem gota, tenho a certeza que a mãe aguardava que um qualquer Ambrósio a embalasse tomando a liberdade de a levar para a cama. Em vez disso os habituais sons guturais e o total descrédito na publicidade. Há anos que o raio do mordomo promete, promete e nada.  

publicado às 08:18

É coisa de mulher...

por Cláudia Matos Silva, em 27.12.13
acreditar em almas penadas, mas só nós é que damos crédito quando alguma doida se junta numa mesa contando história inacreditáveis. Explica-se porque todas temos para a troca episódios levados da breca, situações que não lembram nem ao diabo, mesmo assim vinda sabe-se lá de onde e olhar lunático, uma criatura prende as atenções com as mais intrigantes revelações sobre os mortos, nomeadamente os nossos mortos. Quem gosta de Trash TV já viu coisas bem mais elaboradas, uma espécie de caça espíritos, câmaras artilhadas para o efeito e os apresentadores acompanhados por especialistas na matéria. Para não falar da senhora do "tu cá tu lá" com os defuntos, canal TLC (72 da TVCabo), a loira platinada do cabelo armado  e unhas maiores que a águia Vitória. Dirão, essas coisas só acontecem aos americanos, essas afortunados que numa sessão de jogging podem tropeçar no Leo Dicaprio ou noutra celebridade qualquer. Nada mais enganador, M. num destes dias de grande fortuna foi até à Moita, não é L.A. nem N. Y. mas tem o seu encanto, e a perspectiva sobre a sua vida não mais seria a mesma depois de conhecer D. Durante uma conversa que parecia não ter fim, M. ficou a saber o que queria e o que não queria, inclusive que seu pai defunto continua a observá-la e ao que parece assentou arraiais lá em casa onde ela tem recebido os amigos, vários, diga-se de passagem, para umas brincadeirinhas nocturnas. Como homem do antigamente que foi em vida só terá uma frase a dizer por cada vez que M. abrir a porta aos fulanos "isto é que vai para aqui um putedo, sr. Alfredo". 

publicado às 13:15

Selfie..sshh!

por Cláudia Matos Silva, em 26.12.13
Palavras leva-as o vento, mas quando fica escrita, ensinaram-me os professores em jornalismo (numa dessas faculdades que deu o berro com um escândalo, lavagens de dinheiros, fugas ao fisco e outras ilicitudes), vale mais que tudo o resto e quando não a honramos, à palavra a que ficou escrita, isso dirá muito sobre o nosso carácter. Comecei por dizer deste espaço, diário, mas tão pouco tem cumprido o seu princípio.  Bem sei que ninguém se rala com isso, ninguém o lê, mas sinceramente escrevo-o para o meu umbigo, para não perder o hábito, organizar ideias, encadear pensamentos, desenrolar teorias que se amarfanham nesta cabeça tonta, velhos conceitos como um pão de ló já meio bolorento.  Bolor é o que este blog tem ganho nos últimos dias pela falta de assiduidade, mas tudo tem uma explicação. E não são desculpas de mau pagador. Se fosse preguiça, seria a primeira a condenar-me, mas na verdade tenho estado mais ocupada a viver a vida, longe de computadores, mas junto dos tais, os de carne e osso, os que me arrancam sorrisos e deixam os meus olhos com aquele brilho inexplicável. Tão pouco fica para depois com a promessa de voltar se houver uma nesga e me apetecer espreitar por ela para dizer de mim, a mim própria numa atitude bem selfie...sshh! 

publicado às 13:25

Se nos querem estragar o dia, a gente não deixa

por Cláudia Matos Silva, em 19.12.13
Às seis da manhã já no batente, não havia batido com o rabo no chão caindo do colchão, mas harmoniosa levantei às quatro e meia para a cenoura matinal a que procedeu uma sopa de legumes. Rituais  quotidianos a pessoas que vivem ao contrário do restante mundo e fazem o que entendem quando a vontade é quem mais lhes ordena.
Café, amarga na boca, desperta os sentidos e cria laços que não se explicam.
Não levei a sério a primeira ameaça de que o dia não seria fácil. O primeiro pé na rua com um sapato retro escolhido ao detalhe e um pequeno dilúvio desmembrava-se. No batente a máquina de café e o seu porte familiar apresenta o aviso "Avariada. Não Forçar" . Eu e a S. forçamos, mas nem gota. O pânico apodera-se de nós, sem café e com as horas a passar, é dificil ter condições para continuar e ainda se nos agarra uma micose ou coisa pior. Frenéticas, abrimos gavetas alheias e desencantamos uma embalagem duvidosa de café soluvel. Improvisamos no micro-ondas e grande javardice. Água castanha por todo o lado e uma borrata no fundo das chávenas, mas bebemos orgulhosas aquela coisa estragada, certas que num dia em que as galochas sorriem coloridas nos pés das meninas, para nós já não haveria mais espaço para amarguras. 

publicado às 09:08

A sério, há pessoas com problemas, sérios

por Cláudia Matos Silva, em 18.12.13

 

Nunca acreditem demasiado quando dizem que vocês são muito bons. O risco de se começarem a levar a sério é febril, portanto acreditem moderadamente e com reservas.

 

Em miúdos reforçam-nos o ego e depositam em nós fortes expectativas, já adultos feitos,  egos saturados de colesterol, cremos em surdina que todo o mundo se deveria vergar a nossos pés. Para mal de todos os pecados, o universo congemina contra nós, assim parece, ou pelo menos acreditamos, dependendo da hora do dia.

 

A fúria apoderasse do nosso olhar porque respirar é preciso e tantas vezes é a mais difícil de todas as tarefas. Teimosa a ruga no centro da testa, aparece por dá cá aquela palha,  e começamos  mais um dia de armas apontadas em jeito de estratégia de treinador de futebol “o ataque é a melhor defesa”.


A chuva molha-nos o pêlo, o frio gela-nos os ossos, o carro teima em não pegar e o primeiro café do dia está cheio de borra. Um olhar macilento alcança-nos indiferente e cospe para não estar calado "então está tudo bem?". Porque o português carrega nos seus ombros as dores de alguma pobreza de espírito alheia, em resposta, encolhemo-nos e lá seguimos para a máquina de "cafezar" , na esperança que esta bica não venha com borra e assim consigamos ver o dia com outras cores. 

publicado às 10:01

De um pintelho faz-se um cordel

por Cláudia Matos Silva, em 17.12.13
O infortúnio de pessoas com muito para dizer mas cuja importância do conteúdo é bastante questionável, são noites em claro e uma cabeça cheia de nada. Quando não há quem nos oiça e nem mesmo o gato apara os golpes, recorremos à escrita, antes da choradeira "à sô'tôra" por receitas de Xanax ou outros anti-depressivos da moda. Porque isto de se estar mal e de orelhas caídas que nem uma burra também nos fica bem, não estivessemos no país do Fado, ainda por cima elevado a Património Imaterial da Irmandade, perdão, Humanidade. Uma coisa vos digo, ter pouco que fazer é de se lhe dar água pela barba e assumo-me de espírito inquieto, acorrentada aos meus próprios dramas quotidianos e com a surpreendente capacidade do nada, fazer ainda menos. A ver vamos se, tão pouco, me proponho actualizar esta coisa de diário, mais não é que um "auto-indrominanço" para não deixar realmente a escrita aos pardais. Acreditem, ter quase nada para fazer é stressante e não são raras  as vezes a deparar-me com falta-me tempo. Notem, são precisas horas sem fim para sair da teia que tantas vezes teço numa mente com demasiado espaço livre e onde a infertilidade de ideias/ideais nunca será o problema, antes o drama desta que não nasceu fadista, mas que por ser portuguesa, não pode fugir ao seu martírio, perdão, fadinho.
Cá vos espero, sim?

publicado às 13:12


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